O amante da morte 

Segurei na mão da morte
e fomos dar um passeio
pois não há melhor consorte
para dar-nos tal recreio
Vi crianças destroçadas
procurando pelos pais
suas cabeças degoladas
leriam "O Corvo" nunca mais
Vi senhoras esquartejadas
da alta sociedade
ao lado de putas drogadas
na bela flor da tenra idade
Vi magnatas, dono de banco
todos eles com tiros na testa
vi doutores de aventais brancos
limpando o sangue oriundo da festa
Mulheres solteiras enrubescendo
pela idade, já mais de sessenta,
pra garotinhos, se oferecendo
somente sexo não as contenta
A face óssea da morte triste
enfim me beija com putrefação
seu olhar podre pra sempre me assiste
com o doce gosto da podridão

Anacreonte

« Voltar