Sabe a ânsia de não cruzar o olhar?
De não ver, não sentir, não ter resposta.
Do colorido geometricamente calculado,
Que perde o sentido.
Das amigas comendo pizza e falando bobagem.
Da mãe limitando o filho, que chora como se fosse o fim de tudo.
Como o olhar daqueles que não acreditam no diferente,
Aqueles que ignoram a ânsia e viram as costas para a tela,
Que grita e expõe as feridas.
Aqueles que vomitam apenas as palavras
As mesmas que todo mundo quer ouvir.
Nesse jogo delirante, de nascer, crescer, aceitar, trepar,
procriar, apodrecer e fim.
Nada é nada, muito tempo.
Tem que ser mais que isso
Tem que mudar o ângulo de visão
Trocar os móveis de lugar.
Tem que gozar sem masturbar, sem fricção
Sem agitar o corpo naquele movimento imbecil
Para frente e para trás, que puro,
é tão vazio quanto um filme de sessão da
tarde.
Vamos desligar a TV, para enxergar melhor, a dor.
É ela que machuca, é ela que pode dar prazer,
É ela que pode fazer chorar.
Sem isso não tem graça.
Tem que ver a lama no fundo do poço
e se sentir, pateta, diante da vida.
É bom não poder fazer nada, contra o irremediável,
E ver a onda destruindo o castelo das crianças
Se afogar diante do que não tem “jeitinho” para solucionar.
É isso mesmo, isso aqui é feito de preto e branco
De novo que envelhece,
De querer e rejeitar
De ser merda e amar a Deus sob todas as coisas,
Todas as formas, sentidos, fantasias.
A vida só dá tesão quando vem assim,
molhada de chuva, para a gente secar.