É o dia terrível e atarefado
dos corretores de seguros
que, ainda na névoa, encostam os seus carros
nos parques de estacionamento.
Toda a América está no seguro
contra a morte, o fogo e os acidentes.
As catástrofes são pagas
com um cheque, um sorriso e um enérgico aperto-de-mão.
Protegido pela Plymouth Mutual Life Insurance Company,
vejo a lua de catarro que paira
entre refinarias, antenas de TV e uma inchada torre rococó.
Pioneiros e puritanos bebem coca-cola.
A América pôs a minha vida no seguro.
Mas quem me segurará contra a eternidade?
Não quero ser imortal.
Que minha alma cremada não alcance os anjos.
Do livro: "Las voces solidarias", Calicanto editorial,
1978, Argentina