A vitória do tolo é um mistério sacral
e já arranquei mil vezes meu olho direito,
mas na órbita vazia resplandece, igual,
a glória incompreensível do idiota perfeito.
"Sim, sim; não, não" - mas o olho que não vê
o que vê
diz sim ou não? Senhor, é a Ti que devo olhar
com o olho que não tenho, e ver o que ele crê
haver por trás do que, nas trevas, já não há?
Eu gostaria, sim, de poder extirpar,
junto com o olho, o mundo, mas não sei dizer
se essa sangrenta mágica vai funcionar:
tornar caolho o justo há de retificar
o mal que ele a si mesmo faz ao pretender
trocar o sim por não em vez de o declarar?