RESTOS DE RASTROS 

Andei por mil terras e por todo o além mar.
Cavalguei no dorso dos ventos selvagens.
Bebi das amargas chuvas do desamor.
Semeei em campos estéreis.
Colhi os frutos de todas as dores do mundo.
Contratei com o diabo.
Aluguei minh'alma.
Sacrifiquei em louvor das trevas.
Reneguei minha essência divina.
Deixei que minhas vidas
se esvaissem sem mortes.
 Zumbi ou vampiro, vivi nos tempos,
sem saber de mim.
Não sei por quantos séculos
singrei os mares da profanação.
Desvalido e suplicante,
ancoro hoje, na enseada de seu perdão.
Acolhe meus restos, ora de rastros.
Dá-me a rosa dos seus ventos.
Dá-me a rota da salvação.

Palha

« Voltar