MELODIA DOS MORTOS

Nem te ouço
O Silêncio me proibiu ouvir
Estou sentado junto ao posso
Que me destes ao sair
A água grita na escuridão profunda
E eu não posso ouvir, não posso ouvir

— Vou falar alto para os loucos da janela grande
Eles que reclamem ao sair
— Vou sentar nu e beber refrigerante
E esperar a noite que está por vir
Me pega na mão pai, por um instante
Pra que não ouça teus berros ao dormir...

Somente o vento me desperta na hora certa
Quem sabe é medo de pular e não cair
E o dedo aperta o dedo que aperta
E quebra a dor de um coração que já nem sabe o que é viver
Vou dormir sozinho numa praça deserta
No colo da estátua que irei fazer 

— Olhe, veja, não é a sombra da mulher amada
Ou a solidão está a mentir?
Mas vejo, vejo seu brilho de rosa molhada
Também seu cheiro posso sentir...
Minha vista não está enganada !
É ela, quem salva a alma desesperada
E é caminho para andar e se perder...

Diego Goulart Müller

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