Aqui jaz linhas desalinhadas
quem aqui se deter, nada colherá
aqui sobreresta o desencontro
aqui comparece o paradoxo
aqui nasceu um natimorto.
Eis um poema que não se sustenta
versos de malfeitores
fruto das dores
de um ator, que contém atores
pra você leitor, que se dispôs a ler
ofereço flores!
Que horror! Sou um ator!
sem qualquer pundonor
de escrever em desalinho
de escrever tão reles linhas.
Desejo maldito que se instala
vontade pervertida na senzala
que exala nas palavras desta ridícula fala.
Esbraveja o autor: eu sou um ator!
ator da dor
ator do amor
ator do pôr
pôr em desalinho
as linhas alinhadas
pôr em desencontro
as linhas encontradas
pôr em desatino
as linhas atinadas
pôr no colo daquela negra a alma que sangrava
surge a primeira linha alinhada
desvela-se os sentimentos do autor
fenece o ator
nasce o autor
alinhavam-se as linhas desalinhadas.