Se não traz de outras rosas o reflexo,
que pode a rosa dar de estrume ao homem?
Pensemos em Adão no Éden, perplexo
ante flores que os dias não consomem.
Rosa, rosa do sexo, as suas garras
de ventosas e céus de êxtases plenos,
movendo o homem prende-o nas amarras
de um barco que fundeou na onda de Vênus
— onda em que surge a súmula do belo
e onde ressoa o canto das sereias.
Dessas amarras parte o fio ou elo
de luz que vem buscar as nossas veias.
Do livro: "As engrenagens do belo", Edições
Pirata, 1981, PE