Colado aos olhos, um ipê amarelo
Impossível vê-lo.
Vejo-o distante do corpo
"Chegando-o" perto, perco-o.
Suas folhas caíram de velhice nova.
Uma cegueira santa prova
Desaprendidos saberes antigos.
Fecho os olhos, o cheiro
Da tua copa apodrecida
Da tua alma padecida.
Lá vem o coveiro.
Abraço tua mão com todo meu corpo.
Colo meus olhos na tua pele
Perdeste a cor pálida, estás amarelo
Nunca o vi tão belo
Já passado, ipê amarelo.
Do livro: "Louvores e cantares", Blocos, RJ, 1999