Não escrevas sobre amores
Porque eles te roubarão
Teu colar (de) amantes
Tuas pedras mais preciosas
Todos os teus tombos
E ombros que caistes
Não queiras domar teus trovões
Como os teus versos
Porque eles te custarão
Universos de mirras e de incenso
Não viajas para a morte
Sem tua dor mais íntima
Ela não te salvou da vinha
Nem te salvará da volta
Ela é tua como os suicidas de poesia
Como grandes portas
Que atravessamos nas entranhas
Do homem que nos deu a sede
De um mar de deuses
Sem altares
Não escrevas mais poeta
Lança a tua lança na garganta
Do teu impiedoso dragão
E beija-lhe a boca.