Nessa tarde chuvosa, meio acinzentada,
vou na infância buscar a emoção fugidia.
Encosto-me à janela, como antes fazia,
para espiar na rua as águas da enxurrada.
Ronda-me conhecida sensação passada...
O vidro da vidraça é uma carícia fria!
Aqueço-me, porém, no afago que existia
naquele alegre tempo de criança amada.
Tarde de chuva, tarde de história tristonha,
a relembrar da vida um tempo muito antigo,
que mais parece ser a história de quem sonha.
Sou menino outra vez, na magia de agora,
ao pressentir mamãe a contemplar comigo
a chuva derramando saudades lá fora.