Odes ibéricas
A morte
é mais que seu momento
É bem mais que despir-se de tudo,
despedir-se de uma escrita impossível,
decifrar o invisível
de estar mudo, a voz entalada
A morte é muito maior
porque é o tempo inteiro, mas tão de repente,
de volta, sem saber, à entranha,
onde sempre se perde, nunca se ganha
Entristeça-se país do poema
Aqui significar (e é significar nada)
é não fazer barganha
A morte é infinitamente maior
Por ser o tempo inteiro de repente
Aqui identidade se chama terra comum
E a bordo deste arquivo, quieto vilarejo,
não há resistência, divisa,
nem se olha de frente
De alvenaria sutil e dura contradição,
uma pedra preciosa (indesejável, a morte,
tábua rasa de um próximo poema,
restrito a si mesmo, todavia, impulso
por quem os sinos dobram,
último e incortonável canto da cotovia
O que permanece é um jogo de búzios
(última epígrafe da esperança)
Esta que um dia me tinha
na linha, inconciliável
animal (pensei em vão)
que não se encilha
Lindof Bell
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