FEIRA DE POESIA
De repente
tava a poesia ali
de peito de fora
querendo dar,
tava um pivete
cheirando cola
querendo falar.
O poeta
de porre
quase morre
nos braços do povo.
O sentimento
cai aos pedaços
nos braços
da multidão.
O poeta começa o verrso
e desaba
sobre o universo.
Cai nos braços
do povo
e nasce de novo.
Lá está
a poesia nua
na rua
nos braços do povo
e da lua.
A poesia com raça
no meio da praça
despedaça a couraça
e mexe com a massa.
A poesia reoba
e se perde à-toa
no meio das bombas
e das pombas
e voa
filha da lua
louca na rua
de pernas pro ar
querendo dar
ao primeiro
que passar.
A poesia vai à luta
atraente puta,
gosta de pernoitar
perdida na praça.
Bala
bola
fumo
cola
amendoim
pipoca
beijo na língua
chupada na nuca
tudo
a poesia descola
e passa na cara
pra ficar maluca
em sua tara.
A poesia
voltou
para a rua
na palma da mão
deixa rolar
nas pedras
A poesia
bêbada, maluca,
nos braços do povo
Do livro: "Cordel urbano desbocado", Ed. Trote, 1983,
RJ
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