Eu queria um amor forte, sincero,
Doce e brilhante, imenso e protetor...
Eu queria um amor que me fizesse
Segura andar pela estrada da vida
Tão cheia de obstáculos, de dor...
Que desvendasse a mim, sua fraqueza,
Que visse na humildade, a fortaleza
De se mostrar humano, de em mim se apoiar...
De dividirmos nossa experiência,
Somarmos ele e eu, nossa vivência
Num bloco só, de argila nos tornar.
Eu queria um amor que eu pudesse
Tocar, falar, fazer perguntas ainda que tolas,
A qualquer hora, e sem timidez,
Desnudando minh’alma sem receios,
Não Ter como respostas só muxoxos,
Resmungos e um ar superior...
Eu queria um amor que a mão me desse,
Que me ajudasse a dizer uma prece,
Quando ao redor tudo estivesse escuro...
Que ao bramir dos ventos nas procelas,
Me abraçasse e afastasse assim, o medo...
Eu queria um amor de voz macia
A me dizer ‘inda que murmurando:
- “Eu te amo!”, de olhos fixos nos meus,
E à espreita do meu responder...
Ah, eu queria um amor, um amor romântico
Que me fizesse adormecer sonhando,
Cantando uma cantiga de ninar!
Um amor que dissesse ainda que mentindo:
-" És linda! Eu te adoro!", e eu creria...
Um amor que a mim vestisse de criança,
Que despertasse em mim a esperança,
E me amasse depois, adulta, intensa, e desvairadamente...
Um amor que me enchesse de alegria
E me levasse ao sonho, à Fantasia...
Eu queria um amor que me fizesse
Em seus braços nascer, desabrochar,
Viver intensa e amando loucamente.
Um amor que no tempo, deslizando,
Caminhasse comigo passo a passo,
E que ao ficar o rosto macilento,
Os passos curtos, os cabelos brancos,
Respiração arfante e vista curta,
Memória falha, ritmo inconstante,
A voz cansada, o coração falhando,
Me desse a mão, e rumo à Eternidade
Comigo fosse, a saudade afastando,
Do tempo que se foi ... não volta mais...
Um amor que ao estar eu já partindo
me oferecesse o peito de ternura infinda,
E que me abrisse os seus braços amigos
Para que eu me aninhasse sem mais despertar!