Repetir-me-ei para sempre
ad eternum
para todo o sempre
Amém
Repetir-me-ei para sempre
alongando os meus longos
gestos de açucena
Repetir-me-ei infindável
como se todos os gestos
fossem gafieira
Como se para todo o sempre
fosse eu lua cheia
gorda e plena de sóis de areia
Como se para sempre
fosse eu o meu vício
de ser eu mesma
em fogos de artifício
Como se para ser sempre
a mesma toda a vida
eu só precisasse ser sempre
minha própria bebida
E em repetir-me sempre
não há mistério
pois tenho várias faces
e meu ventre não é estéril
Repetir-me-ei para sempre em espirais
por todos os séculos e séculos
Amém