Na calada da noite
esconde seu rosto maquiado.
Andarilha das ruas e becos enfadonhos,
bem amada por momentos,
mal amada a toda hora, a todo instante....
Segues teu caminho,
Oh, criatura taciturna, angustiada e desgarrada.
Mostra tua cara, proletária da noite,
preserve seu corpo fatigado, macilento por décadas.
Rasgas tuas vestes esfuziantes e abra teus olhos, tristonhos....
Para o mundo,
Para dentro de ti,
Para dentro do decote barato, dos seios fartos e engordurados.
Derrama tuas lágrimas amargas e sem vida,
silencia seus impulsos proibidos e drásticos,
volta-te para seu berço, renegada da vida...
Acorda desse sonho perverso,
respira livremente o ar desse ambiente medonho.
Toma fôlego,
retoma ao ventre de sua mãe,
resgata o tempo, a hora perdida.
E seu espaço em branco.
Renasça exuberante, exultante, cheia e graça....
Arruma a casa, sombra púrpura e instigante,
amargurada, dilacerada, degenerada....
Reconhece a vida agora?
Clara,
Transparente,
Amiga,
Conquistada,
Vitoriosa,
Saborosa........