Mãe

Tristes não, nem saudosos. Alegres, talvez.
Apenas certos de estender aos anos
alcatifas de coradas flores.

Não cúmplices, mas pedaços
de uma vida, a mesma, entrelaçados
por fecundo sêmen.

No estertor de legítimo gozo
de hormônios a fluir com força: momento
de evocar-me à luz.

À luz, à luz... como vim
e vi-me feito à imagem
de Deus, dizem os crentes;
do Homem, é o que diz Deus.

Há, sim, o entendermos sempre.
Refazer das carnes após o amor de hormônios,
multiplicar de genes, gestar com paciência,
parir entre dores, odores, suores
e as sempre lágrimas.

Deu-me o plasma, e o sorvi como a vida;
deu-me formas, palavras, cores, paladares,
música, dimensões, poesia e o sentir,
que não se é poeta
impunemente.

De risos, lágrimas, sucessos,
e de tristes, felizes, esperanças
e de entes queridos ou distantes,

a fé no verbo te eterniza em mim.

Luiz de Aquino

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