Tragédia no Sul Maravilha
(saudade do Henfil)

A caatinga se indignou.
A morte mais uma vez da vida se afeiçoou,
e o magrelo teimoso, ao lado do criador se sentou.

O poeta encarna o bode Francisco Orelana,
 escracha e escreve esses versos pensando:
— "Tudo seria diferente se a pesquisa tivesse grana."

Zeferino, cabra macho, êta homem bacana,
estarrecido — na caatinga também se estarrece —
olhando para a linha do sol exclama:
— "No sul maravilha a morte apagou a última chama!"

A Graúna, linda mulher, preta, mais sensual que Iracema,
se inflama e com os peitim pra cima tasca:
— "Ó senhor como pode deixar a morte vencer e
levar nosso tio que tanto amou e de amor se feriu?"
— "Puta sacanagem ô meu! Vá prá ponte que no sul maravilha quase caiu."

E lá no fundo do céu, do alto da sabedoria, falou o mestre Henfil
sobre a dor da morte: — "Fala Fradim, meu lindo poeta baixim."

E um eco se ouviu:
— "Pra todos vocês ó...top...top...top."

Douglas Mondo

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