Ora, se deu que chegou
(Isso já faz muito tempo)
Num bangüê dum meu avô
Uma negra bonitinha
Chamada negra Fulô.
Ó Fulô? Ó Fulô?
Vai botar para dormir
Esses meninos, Fulô!
Minha mãe me penteou
Minha madrasta me enterrou
Pelos figos da figueira
Que o Sabiá beliscou.
Ó Fulô? Ó Fulô?
(Era a fala da Sinhá
Chamando a negra Fulô.)
Cadê meu frasco de cheiro
Que teu Sinhô me mandou?
O sinhô foi ver a negra
Levar couro do feitor.
A negra tirou a roupa.
O Sinhô disse: Fulô!
(A vista se escureceu
Que nem a negra Fulô.)
Ó Fulô? Ó Fulô?
Cadê meu lenço de rendas
Cadê meu cinto, meu broche,
Cadê meu terço de ouro
Que teu Sinhô me mandou?
Ah! foi você que roubou.
Ah! foi você que roubou.
O Sinhô foi açoitar
Sozinho a negra Fulô.
A negra tirou a saia
E tirou o cabeção,
De dentro dele pulou
Nuinha a negra Fulô.
Ó Fulô? Ó Fulô?
Cadê, cadê teu Sinhô
Que nosso Senhor me mandou?
Ah! Foi você que roubou,
Foi você, negra Fulô?
Do livro: " Obra poética", Editora Getúlio Costa, RJ