Fronteira
Atravessei a fronteira do eu
Quanto mais saí de mim, mais a mim encontrei.
Ao superar meu próprio ego, consegui
Ver bem além das mesquinhas amarras que nos agarram
Neste universo sem fim.
Cheguei mesmo a entristecer ao sentir o privilégio
Achei injusto ainda tantos viverem presos.
Compreendi a necessidade de tropeçarmos, cairmos. darmos
passos:
Primeiro se conhecer. Depois se gostar. Ou de gostar ao se conhecer...
As imperfeições aceitar e tudo o que for possível
mudar.
Depois vem o se dar. Entregar-se mesmo e por inteiro a quem se queira.
Apenas porque se quer.
Aprender a levantar depois de cada queda,
por mais que esteja doendo. Pode ser difícil, mas nunca
traz real perda.
Esmiuçar-se. Ir até seu fundo mais fundo.
Descobrir que não se é mais do que um constante vir a
ser,
Também não se está, nem se fica. Apenas se existe.
A existência é verdadeira e real. Quanto maior a consciência,
Mais plena é a existência.
Vivenciar e experimentar sensações, emoções,
o próprio sentir-se e sentir.
O próprio corpo. O espírito. A alma. Os defeitos. As
virtudes. As vontades.
Providenciar para que nenhum clone se faça de si porque jamais
seria igual a si mesmo e
destruiria tanta teoria tal atual ...
Atravessei a fronteira do eu e encontrei
Você, o mundo, a vida, Deus, meu anjo, enfim, a mim mesma vislumbrei.
Descobri tudo o que era e não sou.
Tudo o quero ser e o quanto posso. Sei que posso.
Não há tempo que impeça
Não mais contra ele eu vou.
Aliei-me ao tempo, aconcheguei-me ao espaço
Deitei em meu próprio colo e me acariciei.
Criei coragem e achei forças a me impulsionar
Para agora mesmo tudo de novo começar
A meu lado. Comigo mesma, com quem já posso contar
Para poder me lançar à vida e levar um pouco do que encontrei
Depois de minha fronteira atravessar.
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