Tu me perguntas assim de supetão:
Mãe e pai têm que morar juntos não é?
E eu respondo boquiaberta:
Nem sempre.
Tu me dizes, peremptoriamente:
Mas você e meu pai não são "amorados".
E eu digo com toda certeza que me resta:
Já fomos querida, já fomos...
Tu, entre a dúvida e o desejo, aceitas a minha emenda:
Tu nasceste de um amor intenso.
Tu desconversas e me convidas para ver a lua.
Eu nua, completamente despida de mim, aceito.
Tu me dizes com o êxtase de teus três anos.
Que linda, mãe, que linda!
E eu olho para ti, minha pequena lua doméstica, e penso:
Enamorados, sob o luar, sem nunca juntos morar,
eu e teu pai te concebemos.