De cada fio, escorre um sonho
que, se não cai de todo, se reflete
no brilho do verso que componho
e, desse modo, se repete.
Uns fios fracos, embranquecidos,
outros lustrosos, bem nascidos,
finos, sedosos, frágeis, por fim:
São meus cabelos de senhora
que é o que sou hoje, agora,
que é como a vida fez-me a mim.
Temo cortá-los, os meus cabelos;
choro se ouso e me arrependo,
que guardam sonhos, e sem tolhê-los...
Se querem ir-se — é fácil — os prendo.