Ó criança pobre de minha terra!
Um dia hás de sorrir, hás de ter pão...
Tu és o verde que a esperança encerra,
Um dia as tuas lágrimas cessarão;
Enquanto sofres a fim de que não chores,
Eu colherei estrelas na amplidão...
E brincarás com elas, rútilas e belas;
Espera, seu brilho prenuncia
Todo o esplendor da aurora
Que ora se anuncia,
Para vestir de luz
A noite escura de teu sofrimento
O alvorecer de tua redenção!
E quando ao toque da alvorada,
Despertares de um sono angustiado,
Deslumbrada pelos raios de sol...
Já não terás frio,
O sol da liberdade
Aquecer-te-á pela eternidade
E hás de encontrar, maravilhada,
Berço, carinho, agasalho e pão...
E cantarolando, feliz, irás à escola
Sempre feliz, retornarás ao lar então,
Espera, criança, não é isto um sonho,
havemos de tornar o teu viver risonho
Breve, ou talvez breve,
As tuas lágrimas cessarão!
E só então serás robusta e alegre,
Sadia, diligente, perspicaz,
E sentirás da infância a febre
De crescer para um futuro audaz..
Ah! Sentirás a glória de ser forte
E pensarás contente em teu país,
Mais que cantando, eu sei, gorjearás
Quais esvoaçantes sabiás...
Hás de perguntar, feliz, ao coração:
Não mais teremos lágrimas?!
Oh! não! — Estamos sob a árvore da vida
E a lágrima vertida foi semente...
Não caiu inutilmente sobre o solo, não!
Vês? — Eis os seus frutos
— Pomos dourados de prosperidade!
Oh! Cantemos agora,
Mãos unidas...
Na grande festa da Fraternidade!
Sejamos todos, no Universo,
I R M Ã O S ! ! !