Meu grito diz:
a sede dos nordestinos,
a fome dos favelados, desempregados,
os palavrões dos malditos,
a dor dos assassinados.
O alô, alô, dos bem-humorados,
o pavor dos roubados, maltratados,
que são pisados e nem notados.
O barulho das máquinas que não param
das buzinas que não calam,
atropelam e "sacodem",
mesmo que incomodem,
são necessárias ao corre-corre;
ao morre-morre.
Do livro: "Sonhos reais", Ed. autora, 1983, SP