Enquanto o tempo passa
há um desastre aéreo na ponta dos dedos
e você gruda o rosto no vidro da janela
e observa o sol ao longo da avenida:
há perfumes pálidos, som de frituras,
vários tipos de morte e a extensão cansa.
O ar viciado e o mel apodrecido dos olhos e dos lábios
se esfarelam pelo tapete como uma melodia oca.
Dentro do meu coração ouço seu coração
de casa abandonada
e os pássaros que atravessam a manhã
são de puro concreto armado.
Não há crianças, gatos, música aérea
para esse domingo fechado.
Só esse sol parado
enquanto o tempo passa.