O Tapajós! a noite, e a lua, que levanta
Seu dourado fulgor por entre os matagais!
— O Tapajós agora é água triste, que canta
Canções do meu amor que não voltará mais...
Santarém! Foi aqui, na tua paisagem santa,
Que eu muito, muito amei, com sonhos divinais...
Inda tenho em minha alma um rosto que me encanta
E que o tempo, bem sei, não me trará, jamais...
Tardes que ao longe vão, muito meigas, felizes,
Tarde que ao longe vão, não haverá iguais...
— Minutos que vivi, crepúsculos, matizes
Daquele lindo amor, bem sei que não voltais...
Inda tenho em minha alma os olhos de esmeralda
Da virgem que eu amei com zelos imortais...
E se dela me lembro a minha fronte escalda
E eu choro o meu amor que não voltará mais...
A vida tem desvãos, caminhos misteriosos
Que nos levam, sem ver, por rumos desiguais...
Por certo o meu Amor foi um desses piedosos
Mártires que o Destino, a qualquer tempo, faz...
Eu não sei bem porque, formosa, me fugiste
E eu te fugi também, há muito tempo atrás...
Vivemos... fui feliz... venturas mil fruíste...
Mas... eu volto a te amar, nas horas noturnais...
Volto a te amar! Bem sei, não tenho esse direito
Que macula a nós três, com seus dedos fatais...
Mas se eu sinto um vulcão irromper no meu peito
Nestas horas, em que sei que tão perto estás...
Perdoa, meu amor, se eu, como um louco, escrevo
Palavras que te irão magoar cada vez mais...
Mas eu sonho contigo agora e neste enlevo...
Eu falei de um amor que não voltará mais...