O homem pálido e arfante, estuga os passos tardos...
Vem de longe, a correr na pele das distâncias...
Indiferente à dor, às sangrações nos cardos,
Fulgura o seu olhar, como um achorte de ânsias...
A sua marcha na poeira acorda ressonâncias...
E mais avança, ao sol dos ímpetos galhardos...
Nada o demove, dessa estrada de esquivâncias
E prossegue a correr, ágil como os leopardos...
Ele conduz consigo esperanças radiosas...
E após elas transpõe as devesas, os montes,
E assim vai, sem saber que o sonho é como as rosas
Que ao partirmos, a rir, de almas enamoradas,
Estão belas, fugindo à luz dos horizontes
E antes do sol se pôr são pétalas fanadas.
Do livro: "Inspirações - II", Senado Federal, 1989, DF