Caminhada
Lua
Suas cores nunca são as mesmas
Já coloriram meus olhos
Agora descoram meu olhar
Meus tempos e meus braços
É a distância
Que define o tom da noite
Rua
O asfalto me afasta do sonho
Escurece meus pés no chão do possível
Mesmo quando na minha boca
Ainda resta este gosto longínquo
De ter você aqui dentro
Nenhum grito
Nesta calma insuportável
Neste paradoxo
Encontro e perda
Caminhada
De um amor
Em conta-gotas
Pouca água no cantil
E um pedaço de sanduíche natural
De pedra e mel
Caminho com sede
Caminho com fome
Te desencontro
Me espero
Economizo um pouco de mim
Para o nosso encontro
E se neste dia a noite estiver envelhecida
Na estrada esburacada de um coração
Sem luar
Beija minha boca
Que se alimentou de estrelas
Rouca de tanto
Brincar pelo caminho
De palavras cruzadas
Com o seu nome
E devolva meus braços
E o tempo de meus olhos
E deixa os meus músculos e as minhas veias
Mapearem um sonho no seu corpo
Na geografia confusa
Do tudo
E do nada das paixões
«
Voltar