O vento, frio,
soprava as minhas costas
Não que houvesse mal nisso
O vento poderia soprar
Mas, àquela hora,
apenas contribuia para que eu,
Mais um pobre mortal entregue
à mão cruel do destino,
sentisse, mais ainda, o peso de minha existência
às costas
Os pássaros, então, não mais trinavam
Os cães deixaram de latir
A única coisa que sentia
era o "tic-tac" continuo do relógio
que marcavam a passagem daquele tempo
nebuloso e que demoraria a passar
Minha cabeça, vazia,
comprovava que tudo aquilo que fiz
de nada valera
Nenhum olho, nenhuma carne
Nenhum gesto, nenhum carinho
Só as mão frias e o rosto pálido
de mais uma existencia infeliz
e sem valor.