Sempre julguei meus
delírios ponderáveis
e acariciei
minhas vaidades com paixão,
mas, agora,
quando vejo o passado que
muitos preservaram,
sinto-o farto
de lascivos anseios
e percebo que
minhas lágrimas se enrijeceram.
Não tenho
histórias fantásticas, para entreter minhas filhas;
não tenho
raízes de onde possa retirar convicções;
não tenho
aliciamentos passionais,
nem nunca engendrei
impetuosos arrebatamentos.
A vida passa
como brisa em sinos japoneses,
mensageiros
dos ventos,
suscitando melodia
suave e constante,
sem grandes
tessituras.
Quereria meus
dias como uma tarde de inverno,
aconchegantes
esperas do passar o tempo.
Vejo-me querendo
afastar-me das pessoas,
quando estou
só, e vêm-me elas a procurar.
Prefiro sempre
a solidão,
o silêncio
continuamente a me espreitar.
Porém
insistentemente estou a me aproximar,
num paradoxo,
busco me expressar,
talvez até
ferindo minha propensão natural.
Não sei...
não sei...
não sei
se sinto ou se faço,
só sei
que fico.
Mormaço...
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