Quem sou eu?
Abatido neste espelho quebrado...
Sem teu lençol a cobrir meus desejos...
Sem tua estrela a me iluminar...
Quem sou eu?
Não conheço este rosto cansado...
Este olhar febril, derrotado pelo tempo...
Quem sou eu?
Decadente poeta, sem alma, sem luz...
Sem a tua inspiração...
Este sorriso não presta! É falso...
Como tantas estranhas que passaram por mim...
Como toda aceitação e abstinência
Da tua presença marcante,
Da tua ausente esperança,
Daquelas nossas tardes de amor...
Quem sou eu?
Esta paz que comprei com versos...
Este alívio do choro, da lágrima que passa...
Este refúgio no êxtase dos outros,
Nos bares da cidade...
Onde tento encontrar teus pedaços
E reconstruir o meu castelo...
Quem sou eu?
Levando a vida que escolhi por erro...
Longe da história escrita pra nós...
Quem sou eu?
Homem de pedra, menino, inseguro e órfão...
Sem o teu remédio...