Quando menina balançava incessantemente na rede do terraço
mas já sabia que a minha aventura era outra.
Teria asas e não desejaria ser pégasos,
Saberia das coisas que me interessavam e não acreditaria em
deus.
Voltas
voltas.
E
Céus e
solos
A menina da rede,
com a altura dos sonhos,
não se enganara:
As estradas, as estrelas que vejo quando estou aqui com minha teia
de palavras,
são a aventura mais necessária da vida que rascunhava
aos primeiros versos no balanço da rede.
Parte II: porque o sonho
Seria poeta.
Não sabia se de livros e de rimas famosas,
mas voltaria a essa condição em cada ciclo definitivamente.
Em cada esquina despejaria meus versos fragmentados,
como um vôo, uma fé ou um desejo que requer espaço.
Duas, três palavras que ocupem o próprio estado do sentimento
com uma pintura sem tradução explícita.
Versos que conceituem o que não foi tocado,
trafeguem na dor, amor e no novo.
Verso: volátil, vívido e voraz com a responsabilidade
de ser um sonho
de menina.
Seria poeta mesmo nos meses que passei de caneta vazia
à mercê da sorte.
Como uma verdade me chegou esse desejo em momento sem data,
mais por amor menos por sina,
Ou ainda por impossibilidade de aquietar-me…
E quanto a você? Parte III
Seria poeta ainda para nesse momento te dar esse verso no lugar do meu
beijo,
Ou pra ser o meu próprio beijo chegando a você de maneira
antecipada
antes de você perceber que amor mudou.
Que o nosso amor mudou diante da possibilidade de se perder,
buscou seus segredos de magia e atendeu ao chamado.
E mesmo desconhecendo as surpresas que nos reserva,
vou abrir a porta com esse novo amor e beijar você.
Por isso eu seria poeta,
pra este verso antes de você chegar.
Pra passar a noite pensando nas voltas que dei balançando na
rede, sonhando
quando criança com as palavras que diria ao meu amor.
Pra hoje dizê-las a você, me vi poeta.