atol

meus arrecifes à tona
transparecem marés revoltas
 
quisera, como quisera, ser lagoa tépida
mansa e pensativa
calmaria de tuas areias quentes
umedecendo de vagas rasas
tua vontade de arquipélagos
 
moluscos meus músculos à tona
sinalizam caranguejos instintos
quisera, como quisera, ser estrela do mar
andarilha e pretensiosa
navegante de tuas oceânicas ondas
chicoteando com densas espumas
tua vontade de arquipélagos
quisera, como quisera, ser o atol de teus olhos
resplendentes e puro reflexo
acariciando minhas falésias-costas
a encontrar em meus pontos extremos
tua vontade de arquipélagos
pois meus arrecifes estão à tona
transparecendo marés revoltas
quisera, mas como quisera, ser o atol de teus olhos

Sérgio Gerônimo

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