Por falar engraçado, dizer "louro",
o papagaio perde a liberdade.
Troca o universo verde da floresta
pelo pequeno espaço da cidade.
Move-se trôpego, andar desengonçado,
gingando vai atrás do carcereiro;
domesticado, esquece a própria espécie
— galináceo entre as aves do terreiro.
Para prazer dos homens é um palhaço,
em busca da comida é um flibusteiro,
acostuma-se ao trato das comadres
e segue parolando o dia inteiro.
Já vai longe a lembrança da floresta.
Como escravo, entre as almas mais pequenas,
do seu mundo selvagem só lhe resta
o verde claro de suas próprias penas.