A neblina veste as paredes de vidro...
Meu coração rola pela sala.
(as estrelas assobiam, irônicas).
Riem Satie e suas três gimnopédias.
Chove sobre os eucaliptos
que se agitam
e me ameaçam.
O frio brinca em meu corpo incerto
(e o seu disco está riscado...)
Meu desejo nu sob a roupa escura...
Minha pele transparente sob a pressão da blusa...
OS EUCALIPTOS ME CHAMAM!
Satie e suas gimnopédias gemem e gargalham.
(as estrelas cantam...)
A lua desaparece
E em seu lugar fica um buraco
De onde me espia um olho de prata.
Em casa me enfio na cama gelada,
Choro três vezes,
Tento conversar com o travesseiro
(que me dá as costas).
E sonho a noite inteira que estamos em uma imensa fila
Esperando alguma coisa
Esperando alguma coisa
Esperando alguma coisa
Mas não lembro o quê.