Voraz é a sua voz
que em veludo
discorre verdades
veladas e veementes
vertendo em mim vertigens
por promessas verdes.
Amadurece meus vinte anos
em voláteis desejos,
devorando meus enganos
e velando estes insanos beijos.
Minha palavra é uma luva
para o vácuo dos seus olhos
E o verso veterano da sua mão
é vacina em gotas pra minha pele.
Por isso varei o vértice da noite
despi os medos, vesti vontades.
Vago na viga do inviável
Vulcão em forma de verso
Vocifero contra o silêncio
e vislumbro sua boca entreaberta
Será que vê o que vejo
no vento que varre os dias
e deixa o vapor dos olhares
se equilibrando no vaivém
desta valsa, falsa melodia?
Minha vaidade vaga-lume
cai vertical no verniz do tempo.
Enquanto minha vergonha se torna
vagabunda por trás deste véu de vento.
Vértebra por vértebra
o sentimento fraturou a gramática
O verbo não tem conjugação.
Voa como vítima errática
sem veredito pra essa oração
Vencer o verão que já terminou
e vazar pra próxima estação.
Esta é a véspera do inverno
ou o vestíbulo do próximo mês,
da próxima vez?