Missão cumprida
Por que serei eu que hei de gritar
Aos ouvidos moucos desses loucos,
Que a guerra mata, aniquila,
E desfaz a paz tranqüila
Dos lares — ninhos de amor,
Cujos chefes vão lutar,
Com o peito cheio de dor,
Deixando a mãe, a esposa,
Que mais tarde, em uma lousa,
Flores vão depositar?
Por que serei eu que hei de gritar
Ao vento,
Como um lamento,
Que o desamor
Afasta os seres, gera o pavor,
É como câncer, tudo destrói...
Ofusca a luz do luar,
Machuca a dor que já dói,
Causa amargura e tristeza,
Em contraste com a beleza
De um peito que sabe amar?
Por que serei eu que hei de gritar
Ao mundo,
Que só o amor profundo,
Sincero, puro, leal,
é u'a muralha contra o mal,
É o que há de mais sublime,
É bálsamo que a dor redime,
É o esteio de uma vida,
Que só encontra guarida
Lá dentro do coração?
Por que serei eu que hei de gritar
Aos corações vazios, duros e frios,
Que um riso de criança
Resume fé, esperança,
Faz lembrar toda a beleza
Das ondas que há no mar,
Traz consigo a singeleza
Dos passarinhos cantando,
Das nuvens que vão passando
Como ninfas a bailar?
Tu, que és meu Pai e Mestre,
E que a mim escolheste
Para tão árdua mensagem,
Eu te suplico, meu Deus!
Quero por Ti ser ouvida,
para o bem dos filhos Teus...
E depois, com todo o ardor,
Poder dizer, comovida:
Graças a Ti, meu Senhor,
Minha missão foi cumprida!
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