Agora que o século se finda
quantas ausências lembradas
dos que sepultamos, ainda,
pelas sombras das estradas.
O que sobra é a dor encravada
nas rimas que nos tocam fundo
ao ritmo de um sol que se apaga
zerando cem anos em um segundo.
Onde ecoa a voz do poeta Cacaso,
despertando os acordes em voz alta,
a cerzir as palavras, a cantar um caso,
como um clown amante da ribalta?
Somente sua ausência e o escrito desejo
de assistir à passagem do século em vida
na página 163 do livro chamado Beijo
na boca, alguns anos antes da partida.
Uma biografia se desdobra em poema,
na dor presente de um viver fugaz.
A vida, mesmo se longa, é tão pequena:
poeta de Minas, que descanse em paz.