O estrondo das vagas ecoa no espaço.
A espuma alva de suas águas agitadas
acarpeta a praia virgem, pura, casta.
O calor sufocante incomoda; o mormaço
se impõe como um rei nas tardes acaloradas:
tudo é sol e vento nessa praia bela, basta.
Da praia vêem-se à frente altos barrancos,
formados pela ação impetuosa do mar
que molda a vida e também a extermina.
Pelo céu azul passam belos pássaros brancos
cujo único fito em suas vidas é apenas voar.
Beirando a praia, regatos de água cristalina.
Olho ao longe e lá atrás vejo o morro.
Eis que surge, majestoso, o Morro da Juréia
a se jogar corajosamente contra o mar.
Tento conquistá-lo e, num ímpeto audaz, corro
e deixo todo meu corpo firmar-se pela areia,
numa corrida frenética para o maciço alcançar.
As pedras ciclópicas que se dispõem, esparsas,
pela cabeceira da serra, fascinam e assombram:
São como que rebentos dessa mãe generosa.
Vez ou outra, pelo céu cruzam bandos de garças
e as vagas, impiedosas, as pedras arrombam
bem ali no pé da serra, onde a vida é copiosa.
Creio tratar-se de um graça divina
a Iguape ofertada há milênios pelo Onipotente.
Virginal paraíso, grávido de belezas secretas,
a natureza ali impressiona, alucina,
a vida é toda explosiva, latente:
Juréia, secreto refúgio das almas libertas!