Da vida já tive tudo.
Tudo que se pode ter.
Mas quem é que sempre ganha
Sem nunca ter que perder?
Vida deu. Vida levou.
Alguma coisa deixou
E a gente se refugia
Até mesmo na ilusão,
Ou no trêmulo aceno
De esperança, de algum dia
Ainda ter alegria.
E quando a noite é tão fria
E quando o dia é sem cor
Quando a alma em desvalia
Não pode esconder a dor,
Quem nos abraça é a Poesia
— Nosso asilo protetor.
Do livro: "Coisas de mim", Nórdica, 1996, RJ