Fim de tarde. O céu,
cambiante, chumbado,
bêbado de cinza,
passa na janela
do terceiro andar.
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Depois passam duas
andorinhas, rápidas.
E não passa mais
nada, além do tempo.
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Um cachorro ladra.
Ladrão? Pelo sim,
pelo não, espreito.
Agora me exponho,
metade do corpo
contra o parapeito:
nada de larápio!
Apenas um galgo
atrás do portão.
Apenas um céu
atrás da janela.
Apenas um tédio
atrás de emoção.