Sidney lanterneiro,
desdentado, carro velho,
magro, feio, sem socorro,
mas era um pai de família
na casa não decorada,
pendurada
em algum morro.
...Morro!
Morro, Morres, Morre.
Morremos. Morreremos.
Morreram...
Morreram mulher, menino,
e o que queria ver
o sol nascer.
Não ganharam doces balas,
mas balas para morrer.
balas de arma-de-fogo
de quem tinha de ajudá-los
a sobreviver
e de quem tira do povo
pão, trabalho e pensão
e nada dá, tudo cobra
do mais pobre cidadão.
Sidney, sem trabalho,
sem saúde, educação,
não tinha nada na vida
além da mulher perdida,
dos filhos homens matados
e da menina querida.
por eles lutara em vão.
Este homem destruído:
apenas um lanterneiro,
apenas um nosso irmão.
tão somente, um brasileiro
nesta neo-escravidão.