Vêm-me palavras-seres, palavras-larvas,
palavras doces, palavras amargas;
Letras efusivas, hilariantes,
compulsivas ou vagas...
Em sentimento-gráfico, linguagem-tráfego,
palavras-chaves:
_ Palavras variáveis,
jamais estareis como estáveis!
Palavras mornas, palavras gélidas,
palavras ressonantes, palavras vazias,
Grafemas e fonemas,
entre intempéries e calmarias!
E vêm-me palavras idôneas, palavras torpes,
palavras de bicho, palavras de gente,
Do escriba estéril
que não grafa o que sente!
Palavras são essas formas e marcas
de sonhos e de vias...
São pedaços dos sentidos
entre sintaxes e morfologias!
E vêm-me meio que truncadas,
descompassadas ou timbradas!
Noutras vezes, tão rítmicas, poetizadas,
cúmplices e inventadas!
Palavras todas, palavras várias,
temos um pacto de existência imaginária:
Eu, carne e osso, tempo moço,
vós, anciã e “nenas” que o homem reinventa!
E nesse reino a fantasia,
lenta ou turbulenta,
Palavra é “ grafomania”, entrelinha,
letra designatária!
Enfim, palavras em intro-evasão,
em minha compulsão, expressivas,
Ganham linhas e corpo,
imagem, som e cores vivas!
E passeiam, esfuziantes,
por entre meus dedos ágeis!
E se fixam a fibras celulósicas
por tantos outros dedos fugazes!...