Contrito, meu olhar é choro, súplica, temor...
Oração silenciosa a Vossos atentos ouvidos!
Fito-Vos com a complacência doce do amor
E com a dor profunda de enfermos aflitos!
Apiedai-Vos, Senhor,
Do homem ímpio que profana a Vossa Glória,
Do herege que a blasfêmia planta,
Do pecador que perfaz rota inglória,
Do ser que renega a imagem sacrossanta!
Senhor,
Meu olhar é contrito, mas tenho uma dor de chagas,
Infiltra-me o sangue das misérias humanas!
Perfuram-me condoídos golpes de adagas...
...Entre guerras, vilezas, barbáries insanas!
Prefacio um milênio futuro de dissabores aparentes...
Uma era de máquinas e cérebros frios,
Sem o calor e a luz-aura das gentes,
Implausibilidade de virtuais desvarios!
Vejo um futuro de sombras para o mundo,
Penumbra de sonhos, ocaso dos espíritos!
Por isso, Vos peço em apelo profundo:
_No coração do homem, plantai um jardim de lírios!...
Flores alvas, macias e límpidas,
A exalar o perfume do cósmico amor!
A criaturas opacas, insensíveis, insípidas...
Que precisam aquecer-se com o Vosso fervor!
Flores suaves como o sonho do Menino
Que dorme à luz da Grande Esperança
De que o homem ouça o trepidar do sino
Que inebria a Terra de Fé e Bonança!
Senhor, o menino inocente, Vosso Filho amado,
Envolvo em meus braços, esperança do mundo...
E peço-Vos, guarnecei todo o povo guardado
Em meu coração, âmago profundo!
Finalmente, apiedai-Vos, Senhor...
Da inconsciente criatura que erra o caminho
Na Somália, na França, no Nepal, no Brasil...
Dai-lhe o sustento do pão e o sabor do vinho:
— Abençoai-lhe o corpo e o chão no ano 2.000!