com a mágica poção
dos tempos que à mingua
das hora urdidas
nesta garganta profunda
até a ponta da lingua
toco o cio das palavras
nas lambidas fartas
das feridas findas.
apago a luz [acesa?]
das frases postas a mesa
como cartas marcadas em alguns riscos
atrás das portas atrás dos vícios
dos nossos jogos aflitos
entendiando o agora em que me fito
a mão então suspensa
sai por um desvão:
vão da consciência
te alcança ao sol
na ciência de uma minuto exato
andando por ruas invertidas
na contramão dos fatos
— armação dos atos —
solto os cabelos
grampeados por estrelas-guias
ante uma voz bendita
de um domador de astros
que me fareja os passos
retalho ao vento
o sabor da vida
e ascendo a ranhura estética do dia.
Flora Anita Pereira da Silva