impassível tato
essa coisa mansa
de me deitar sobre teu campo
na extensão de uma palavra dilatada de vida
e carregar meus seios das promessas
de sol
e terra e fogo e água e vida,
serão louros trigais os poros vivos
de teu sêmen?
porque dobro a amarga palma
e faço calma e faço concha e faço ventre
e vertendo verde plasma colho teu filho
nesta estância de um segundo
essa coisa mansa
e doce e exata
de sentir tua pele/minha
e nunca
digitar segredos em tua posse
em aflição desenhar teus dedos em minha pele/tua
varrendo e alcançando as latitudes em elos
neste corpo
e neste código
— palavra muda em que tocamos nossa língua —
trocamos a mensagem azul
o sufocar das nuvens tantas
neste céu da boca
essa coisa mansa
e surda absurda
de ouvir o impassível tato
feito grito feito fato
flechando o corpo nesse arco.
Flora Anita Pereira da Silva
«
Voltar