I
A dor estampada em cada olhar
O frio que penetrava ossos a dentro
a esperança que parecia ir-se
porta à fora.
A tenácia de quem
imensamente brasileiro,
se ombreia entre os
que não fogem à luta.
Terra eles querem terra,
não para morrer,
mas para viver.
Terra para plantar,
depois colher
e a reforma no campo?
não vem?
II
Com a sensação
de quem foi roubado
mas de quem é este chão
quem o loteou?
quem dele se apossou?
quem disse que eu não tenho vez?
por que me expulsaram daqui?
por que devo ir-me dali?
Este chão foi meu Pai quem fez,
por um simples gesto seu
criou a terra a água criou,
criou também o céu
tudo é dele
dele sou herdeiro
então, este chão é meu!
III
A impressão que dá
é que não dá para esperar
esta situação angustiante
falta pão,
falta feijão,
falta educação,
falta solução,
falta decisão,
falta condição,
falta condução,
falta contemplação,
porque o egoísmo sobra
não porque ninguém cobra,
todo mundo cobra sim,
continuar assim é ruim,
é aqui minha morda,
aqui estou radicada
como meus ancestrais não direi,
que sentada ao lado de qualquer rio
mesmo que não seja o da Babilônia
por tudo isto chorei.
IV
Encontram-se as pessoas,
tudo bem?
se interrogam.
E embora saibam que não
sem hesitar respondem sim.
Ou são cegas e surdas,
ou têm olhos e não vêem.
Neste caos tão gritante
em que a vida
que dos dons és mais precioso,
trata-se sem reverência
não se cultiva
se despreza,
o universo é diverso
o ápice não se procura por baixo
é nas alturas que está.
V
Agradeço-te tanto amor
Eu sei quem sou
por onde caminho,
de onde venho
e para onde vou.
Encontrando-te,
escolhi a tua
como melhor companhia.
Amei-te
e sou plenitude
e descobri
que a ti sou semelhante.
VI
Aquele calor
que me inundou a face
de responsabilidade,
de lágrima,
que eu não quis chorar,
penetrou meus lábios entreabertos,
salgada, me fez expulsar
sua origem, tentando entender
não encontro resposta
estou vazia.
Mesmo que neste dia que finda
me tenha afadigado tanto
ocupado cada instante
em tantos misteres.
Esqueci-me de ti em algum lugar.
De tua presença,
em toda parte
não me apercebi
E só quando te procuro
e me repleto,
sou paz e alegria em Ti me plenifico.
VII
1-2, 1-2, 1-2,
é o compasso
do passo
em que no espaço
desfeito o laço
em que no regaço
a vida faço
conquistei meu lugar.
Deixei falar a consciência,
com desvelo e transparência,
aliada à prudência,
que não é só complacência,
é que aqui é meu lugar.