Nos olhos da amada
da amada de ontem, de hoje, de amanhã
nos olhos da amada de sempre,
do inicio dos tempos até sempre, ad eternum, ad infinitum
Nos olhos da amada corre um trem
o trem em todos os trilhos de tcham
tchum tcham tchum tcham tchum tcham tch tch tchum
possuir os olhos da amada num video clip interminável
feito uma promessa ao meu desejo de consumo
nos olhos da amada
nos olhos de minha amada corre um rio
um rio transbordando em sargaços e plânctons
um rio que deleita repleto de peixes inalcançaveis açoitados
na correnteza
do rio inundados dos detritos minerais, sob rochas colossais, silênciosos,
intrigantes,
famintos de tão fartos estranhos vegetais
nos olhos de minha amada um peixe cru
construí a minha amada em fragmentos de sites virtuais
mas um rio escorre em seus olhos
quais caprichos deveras cumpridos
no seu olho de sílicio e metal derramei um rio
em seu sexo de pixels
eu, no cio, o sal
e quis o mel
e sua boca triste disse …
mas nos olhos de minha amada corre um rio
como se o rio corresse triste
triste do que não viu, triste porque não viste
nos olhos de minha amada vai-se um trem
um trem que já existe
proximo ao rio que não desiste
nos olhos de minha amada vou além
insípido halor de suas cristalinas aguas
onde eu exangüe e aflito
não discirno curso ou rito
vou me liquido, deixo-me ir, imito
vou-me doido desvairado iniquo
eu que como um deus, de byte e cristal a fiz
sinto agora um certo alívio
resta-me o que, se restar-me uma tela gris?
mas nos olhos de minha amada corre um rio
resta-me amar-te
resta um restart