Escrevo como quem enrola papiro.
Minha superfície de escrita é meu corpo.
As idéias escorrem pelos cabelos
e encharcam a pele, os ossos, as vestes.
Escrevo como quem burila a pele de todo dia.
Meu corpo é todo marcado de palavras...
Palavras que são ganchos,
que extraio de dentro da carne!
Ganchos que ferem,
mas que me fazem sentir mais a carne...
Meus ditos são pedaços de carne.
Carne crua e cheia de sangue.
Não escrevo como quem planta árvores.
Escrevo como quem revolve a terra.