Luminosos não são os anjos
Que se vão imaculados,
Intocados pelo sofrimento.
Luminosos foram os pecados dela,
Pintados na boca, nas vestes,
No gesto amargo de quem se oferece.
Luminoso foi seu coração,
Esse grande desconhecido,
A sete chaves trancado
Num corpo doente.
Luminosa foi sua vida obscura
Que se apagou lentamente,
Como vela num altar,
Sem que fizesse falta,
Sem que ninguém percebesse.
Do livro: "Matizes", Blocos,
1999, RJ